É preciso ter orgulho

No último dia 18 de junho aconteceu em São Paulo a 21ª Parada do Orgulho LGBTI sob o tema: Independente de nossas crenças, nenhuma religião é lei. Todos e todas por um Estado laico. A parada movimentou quase três milhões de pessoas unidas contra o preconceito. A lgbtfobia mata uma pessoa a cada 25 horas. Em 2016, no Brasil, foram cometidos mais de 343 assassinatos.

A escolha do mês de junho para a maior parada do mundo não é aleatória. O mês do orgulho LGBT se remete a 28 de junho de 1969, onde aconteceu a resistência de Stonewall, Nova York: homossexuais enfrentaram, no bar que frequentavam, a violência cometida por policiais. É inegável nesse ano a expressividade da parada. Sem contar no apoio de inúmeras empresas nacionais e multinacionais, que levaram seus times para a rua, reconhecendo a necessidade urgente de se conjugar a diversidade.

Os avanços legais do reconhecimento da união homoafetiva e do casamento homossexual ampliaram bastante a discussão da diversidade no País. Os direitos reflexos a essas questões passaram a estar presentes no cotidiano da empresa, como a concessão de benefícios aos companheiros e cônjuges independente de orientação sexual. Mas não é só isso.

O tema pode até incomodar, mas a empresa precisa se inteirar dessa nova questão do mundo contemporâneo. A rejeição de fato existe e não se refere só a gays, lésbicas e trans, mas também a tudo que seja considerado diferença. A tomada de posição acerca da diversidade não é para parecer politicamente correto ou moderno. Mulheres, negros, LGBTIs começam aos poucos a tomar mais espaço, em busca de um ambiente de trabalho onde haja respeito e igualdade. O contrário disso são reclamações permeadas por indenizações, em que a imagem da empresa pode ser mitigada em uma exposição midiática desastrosa, o que poderia ser evitado com postura e capacitação.

A relação não é de simples causa e efeito. Trabalhar a diversidade é ir além até mesmo do viés inconsciente, que se traduz naquele gestor que diz não ter preconceito, mas é traído por uma cultura machista, ainda arraigada a conceitos tradicionais da gestão.

Para além da responsabilidade de cada um e da empresa está a responsabilidade de um Estado omisso e permissivo, por isso a parada é necessária. Como diz Reinaldo Bulgarelli, do Fórum de Empresas e Direitos LGBTs: não adianta a pessoa ter segurança na empresa se, quando sai, é espancada no ponto de ônibus ou maltratada dentro da própria casa.

Artigo publicado no Jornal O Popular, no dia 21 de junho de 2017.

Comments 1

  1. Parabéns pelo texto. Sinto-me representada por seu sublime trabalho. Há muito trabalho a ser feito, pois o preconceito existe e mata física e psicologicamente. Bem sei disso. Abraço.

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