A polêmica do “beijo gay”

Para os noveleiros de plantão, Félix e Niko protagonizaram mais do que um beijo. Encenaram uma busca que não é só deles, mas de todos: o amor. Existem no Brasil alguns fatos inusitados envolvendo a homossexualidade, nos quais o clamor público foi além do preconceito.

A morte de Cássia Eller deixou Francisco, o Chicão, órfão em 2001 e fez com que brasileiros quase que implorassem para que a guarda fosse dada à Maria Eugênia, sua companheira de mais de 14 anos. Assim aconteceu, mesmo num país que ainda não havia leis nesse sentido.

Antes de falecer, Cássia declarou: “Eu gostaria de casar com a Eugênia, ter um contrato de casamento legalizado mesmo. Queria poder garantir os direitos dela e do Chico. No caso de separação ou de morte, a Eugênia não tem nenhum documento que prove que estamos casadas há 14 anos. É claro que, se me acontecer alguma coisa, meus bens têm que ir para ela e meu filho. E a guarda do meu filho tem que ser dela, é ela a mãe”.

De lá para cá, direitos foram alcançados e o casamento civil homossexual passou a ser permitido. Ainda assim, por que um beijo provoca tanto frisson e ao mesmo tempo tanta polêmica?

É fato que a homofobia é algo que mancha a nossa sociedade e não pode ser minimizada. Contudo, existe sim uma incoerência social que mede a distância entre aquilo que não se quer ver e aquilo que nos salta aos olhos. E por que não mostrar um beijo entre dois homens ou entre duas mulheres?

Ao contrário do que muitos imaginam, ao tirar o beijo da invisibilidade, a TV brasileira não vai fazer ninguém “virar gay”.

Um mundo igualitário não é aquele separado por guetos, por áreas dentro do próprio direito, por bandeiras, por igrejas inclusivas. É aquele onde ninguém tem medo de ser feliz, de caminhar em paz, de sorrir, sem ser ofendido naquilo que lhe é mais precioso: a intimidade.

Certo dia ouvi um relato sobre uma violência homofóbica que me deixou reflexiva. Para a vítima, o que mais lhe deixava triste não eram as marcas no seu corpo, mas sim ter sido agredida por ser gay, por ser feliz assim, por se amar do jeito que é.

Isso sim é superação, isso sim é Amor à Vida, pois o coração não enxerga preconceito e os lábios que se beijam só transformam o que é verdade.

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